Na manhã desta quinta-feira (3), a Polícia Civil de São Paulo deflagrou a segunda fase da Operação Nix, que investiga a atuação de grupos responsáveis por ataques a moradores de rua e maus-tratos a animais em situação de abandono, articulados por meio de plataformas digitais. A ação é coordenada pelo Núcleo de Observação e Análise Digital (Noad), criado em novembro do ano passado para apurar crimes em ambientes virtuais.
Com apoio das Polícias Civis do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Santa Catarina, Pará, Pernambuco e do Distrito Federal, estão sendo cumpridos 22 mandados de busca e apreensão e outros nove mandados de internação de adolescentes envolvidos nos crimes.
As investigações revelaram que os envolvidos formavam comunidades fechadas em redes sociais como o Discord, onde trocavam informações, planejavam os ataques e promoviam ações violentas. Um dos investigados, menor de idade e residente na França, foi identificado como um dos principais financiadores do grupo, usando sua condição financeira para custear as ações criminosas.
Segundo os agentes do Noad, conhecidos como “observadores digitais”, os grupos criminosos se reorganizam constantemente em subgrupos chamados de “panelas”, dificultando o monitoramento e exigindo vigilância contínua das autoridades. A operação já dura cerca de oito meses e novas fases estão previstas.
A delegada Lisandréa Salvariego, coordenadora do núcleo, destacou a importância de investigações constantes diante da natureza transnacional dos crimes, que envolvem autores e vítimas em diferentes países. “São ações extremamente absurdas que, muitas das vezes, os pais não têm ideia que ou o filho é o idealizador dessa violência, manipulando as vítimas a realizarem os ataques, ou o filho é a própria vítima”, afirmou.
Na primeira fase da operação, também denominada “Nix” — nome que faz referência à deusa da noite na mitologia grega, mãe de Nêmesis, codinome usado por um dos investigados — foram cumpridos dez mandados de busca e duas prisões temporárias em São Paulo, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais e Distrito Federal. As investigações continuam.